Sentimentos
Abismo
Por: Fernando Pessoa
Olho o Tejo, e de tal arte
Que m e esquece olhar olhando,
E súbito isto m e bate
De encontro ao devaneando —
O que é sério, e correr?
O que é está-lo eu a ver?
Sinto de repente pouco,
Vácuo, o m omento, o lugar.
Tudo de repente é oco —
Mesm o o m eu estar a pensar.
Tudo — eu e o m undo em redor —
Fica mais que exterior.
Perde tudo o ser, ficar,
E do pensar se m e som e.
Fico sem poder ligar
Ser, idéia, alma de nome
A mim, à terra e aos céus...
E súbito encontro Deus.
9
Acesse a página do poeta
1
Poema enviado em 31/05/2025