Sentimentos
A minha vida é um barco abandonado
Por: Fernando Pessoa
A minha vida é um barco abandonado
Infiel, no erm o porto, ao seu destino.
Por que não ergue ferro e segue o atino
De navegar, casado com o seu fado ?
Ah! falta quem o lance ao mar, e alado
Torne seu vulto em velas; peregrino
Frescor de afastam ento, no divino
Amplexo da m anhã, puro e salgado.
Morto corpo da ação sem vontade
Que o viva, vulto estéril de viver,
Boiando à tona inútil da saudade.
Os limos esverdeiam tua quilha,
O vento em bala-te sem te m over,
E é para além do mar a ansiada Ilha.
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Poema enviado em 31/05/2025