Sentimentos
Entre o bater rasgado dos pendões
Por: Fernando Pessoa
Entre o bater rasgado dos pendões
E o cessar dos clarins na tarde alheia,
A derrota ficou : como uma cheia
Do m al cobriu os vagos batalhões.
Foi em vão que o Rei louco os seus varões
Trouxe ao prolixo prélio, sem idéia.
Água que m ão infiel verteu na areia —
Tudo m orreu, sem rastro e sem razões.
A noite cobre o cam po, que o Destino
Com a morte tornou abandonado.
Cessou, com cessar tudo, o desatino.
Só no luar que nasce os pendões rotos
’Strelam no absurdo cam po desolado
Uma derrota heráldica de ignotos.
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Poema enviado em 31/05/2025