LÁGRIMAS OCULTAS
            Por: Florbela Espanca
            
                Se me ponho a cismar em outras eras  
Em que ri e cantei, em que era querida ,  
Parece -me que foi noutras esferas,  
Parece -me que foi numa outra vida...  
 
E a minha triste bo ca dolorida,  
Que dantes tinha o rir das Primaveras,  
Esbate as linhas graves e severas  
E cai num abandono de esquecida!  
 
E fico, pensativa, olhando o vago...  
Toma a brandura plácida dum lago  
O meu rosto de monja de marfim...  
 
E as lágrimas que choro, branca e calma,  
Ninguém as vê brotar dentro da alma!  
Ninguém as vê cair dentro de mim!            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025