DIZERES ÍNTIMOS
            Por: Florbela Espanca
            
                É tão triste morrer na minha idade!  
E vou ver os meus olhos, penitentes  
Vestidinhos de roxo, como crentes  
Do soturno convento da Saudade!  
 
E logo vou olhar (com que ansiedade!...)  
As minhas mãos esguias, languescentes,  
De brancos dedos, uns bebês doentes  
Que hão  de morrer em plena mocidade!  
 
E ser -se novo é ter -se o Paraíso,  
É ter -se a estrada larga, ao sol, florida,  
Aonde tudo é luz e graça e riso!  
 
E os meus vinte e três anos... (Sou tão nova!)  
Dizem baixinho a rir: “Que linda a vida!...”  
Responde a minha Dor: “Que linda a cova!”            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025