🖋 Portal da Poesia 🖋

AO VENTO

Por: Florbela Espanca

O vento passa a rir, torna a passar,
Em garg alhadas ásperas de demente;
E esta minha alma trágica e doente
Não sabe se há de rir; se há de chorar!

Vento de voz tristonha, voz plangente,
Vento que ris de mim sempre a troçar,
Vento que ris do mundo e do amar,
A tua voz tortura toda a gente!...

Vale-te mais chorar, meu pobre amigo!
Desabafa essa dor a sós comigo,
E não rias assim !... Ó vento, chora!

Que eu bem conheço, amigo, esse fadário
Do nosso peito ser como um Calvário,
e a gente andar a rir pela vida fora!!...
Acesse a página do poeta
3
Poema enviado em 23/05/2025