AO VENTO
            Por: Florbela Espanca
            
                O vento passa a rir, torna a passar,  
Em garg alhadas ásperas  de demente;  
E esta minha alma  trágica e doente  
Não sabe se há de rir; se há de  chorar!  
 
Vento de voz tristonha, voz plangente,  
Vento que ris de mim sempre a troçar,  
Vento que ris do mundo e do amar,  
A tua voz tortura toda a gente!...  
 
Vale-te mais chorar, meu pobre amigo!  
Desabafa essa dor a sós comigo,  
E não rias assim !... Ó vento, chora!  
 
Que eu bem conheço, amigo, esse fadário  
Do nosso peito ser como um Calvário,  
e a gente andar a rir pela vida fora!!...            
            
            Acesse a página do poeta
            
                 16            
            
            
                Poema enviado em 23/05/2025