🖋 Portal da Poesia 🖋

DESALENTO

Por: Florbela Espanca

Ao grande e estranho poeta A. Durão

Às vezes oiço rir, é u ma agonia
Queima -me a alma como estranha brasa
Tenho ódio à luz e tenho raiva ao dia
Que me põe n a alma o fogo que me abrasa!
Tenho sede de amar a huma nidade...
Eu ando embriagada... entontecida...
O roxo de meus lábios é saudade
Duns beijos que me deram noutra vida!
Ei não gosto do Sol, eu tenho medo
Que me vejam nos olhos o segredo
De só saber chorar, de ser assim...
Gosto da Noite, imensa, triste, pre ta,
Como esta estranha e doida borboleta
Que eu sinto sempre a voltejar em mim!
Acesse a página do poeta
19
Poema enviado em 23/05/2025