DESALENTO
            Por: Florbela Espanca
            
                Ao grande e estranho poeta A. Durão  
 
Às vezes oiço rir, é u ma agonia  
Queima -me a alma como estranha brasa  
Tenho ódio à luz e tenho raiva ao dia  
Que me põe n a alma o fogo que me abrasa!  
Tenho sede de amar a huma nidade...  
Eu ando embriagada... entontecida...  
O roxo de meus lábios é saudade  
Duns beijos que me deram noutra vida!  
Ei não gosto do Sol, eu tenho medo  
Que me vejam nos olhos o segredo  
De só saber chorar, de ser assim...  
Gosto da Noite, imensa, triste, pre ta, 
Como esta estranha e doida borboleta  
Que eu sinto sempre a voltejar em mim!            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025