SEM REMÉDIO
            Por: Florbela Espanca
            
                Aqueles que me têm muito amor  
Não sabem o que sinto e o que sou...  
Não sabem que passou, um dia, a Dor,  
À minha porta e, nesse dia, entrou.  
 
E é desde então que eu sinto este pavor;  
Este frio que anda em mim, e que gelou  
O que de bom me deu Nosso Senhor!  
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!  
 
Sinto os passos da Dor, essa cadência  
Que é já tortura inf inda, que é demência!  
Que é já vontade doida de gritar!  
 
E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,  
A mesma angústia funda, sem remédio,  
Andando atrás de mim, sem me largar!...            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025