VELHINHA
            Por: Florbela Espanca
            
                Se os que me viram já c heia de graça  
Olharem bem de frente para mim,  
Talvez, cheios de dor, digam assim:  
“Já ela é velha! Como o tempo passa!...”  
 
Não sei rir e cantar por mais que faça!  
Ó minhas mãos talhadas em marfim,  
Deixem esse fio de oiro que esvoaça!  
Deixem correr a vida até o fim!  
 
Tenho vinte e três anos! Sou velhinha!  
Tenho cabelos brancos e sou crente...  
Já murmuro orações... falo sozinha...  
 
E o bando cor -de-rosa dos carinhos  
Que tu me fazes, olho -os indulgente,  
Como se fosse um bando de netinhos...            
            
            Acesse a página do poeta
            
                 14            
            
            
                Poema enviado em 23/05/2025