ALENTEJANO
            Por: Florbela Espanca
            
                À Buja  
 
Deu agora meio -dia; o sol é quente  
Beijando a urze triste dos outeiros.  
Nas ravinas do monte andam ceifeiros,  
Na faina, alegres, desde o sol nascente.  
Cantam as raparigas meigamente.  
Brilham os olhos negros, feiticeiros.  
E há perfis de licados e trigueiros  
Entre as altas espigas de oiro ardente.  
A terra prende aos dedos sensuais  
A cabeleira loira dos trigais  
Sob a bênção dulcíssima dos céus.  
Há gritos arrastados de cantigas...  
E eu sou uma daquelas raparigas...  
E tu passas e dizes: "Salve -os Deus!"            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025