FRIEZA
            Por: Florbela Espanca
            
                Os teus olhos são frios como as espadas,  
E claros como os trágicos punhais,  
Têm brilhos cortantes de metais  
E fulgores de lâminas geladas.  
Vejo neles  imagens retratadas  
De abandonos cruéis e desleais,  
Fantásticos desejos irreais,  
E todo o oiro e o sol das madrugadas!  
Mas não te invejo, Amor, essa indiferença , 
Que viver neste mundo sem amar  
É pior que ser cego de nascença!  
Tu invejas a dor que vive em m im! 
E quanta vez dirás a soluçar:  
"Ah, quem me dera, Irmã, amar assim!...            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025