ESFINGE
Por: Florbela Espanca
Sou filha da charneca erma e selvagem.
Os giestais, por entre os rosmaninhos,
Abrindo os olhos de oiro, pelos caminhos,
Desta minha alma ardente são a imagem.
Embalo em mim um sonho vão, miragem:
Que tu e eu, em beijos e carinhos,
Eu a Charn eca e tu o Sol, sozinhos,
Fôssemos um pedaço de paisagem!
E à noite, à hora doce da ansiedade
Ouviria da boca do luar
O De Profundis triste da saudade...
E à tua espera, enquanto o mundo dorme,
Ficaria, olhos quietos, a cismar...
Esfinge olhando a planície enorme...
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Poema enviado em 23/05/2025