CINZENTO
Por: Florbela Espanca
Poeiras de crepúsculos cinzentos,
Lindas rendas velhinhas, em pedaços,
Prendem -se aos meus cabelos, aos meus braços
Como brancos fantasmas, sonolentos...
Monges soturnos deslizando le ntos,
Devagarinho, em misteriosos passos...
Perde -se a luz em lânguidos cansaços...
Ergue -se a minha cruz dos desalentos!
Poeiras de crepúsculos tristonhos,
Lembram -me o fumo leve dos meus sonhos,
A névoa das saudades que deixaste!
Hora em que o teu olhar me deslumbrou...
Hora em que a tua boca me beijou...
Hora em que fumo e névoa te tornaste...
Acesse a página do poeta
3
Poema enviado em 23/05/2025