CINZENTO
            Por: Florbela Espanca
            
                Poeiras de crepúsculos cinzentos,  
Lindas rendas velhinhas, em pedaços,  
Prendem -se aos meus cabelos, aos meus braços  
Como brancos fantasmas, sonolentos...  
Monges soturnos deslizando le ntos,  
Devagarinho, em misteriosos passos...  
Perde -se a luz em lânguidos cansaços...  
Ergue -se a minha cruz dos desalentos!  
Poeiras de crepúsculos tristonhos,  
Lembram -me o fumo leve dos meus sonhos,  
A névoa das saudades que deixaste!  
Hora em que o teu olhar me deslumbrou...  
Hora em que a tua boca me beijou...  
Hora em que fumo e névoa te tornaste...            
            
            Acesse a página do poeta
            
                 18            
            
            
                Poema enviado em 23/05/2025