CREPÚSCULO
            Por: Florbela Espanca
            
                Teus olhos, borboletas de oiro, ardentes  
Batendo as asas leves, irisadas,  
Poisam nos meus, suaves e cansadas  
Como em dois lí rios roxos e dolentes...  
E os lírios fecham... Meu Amor, não sentes?  
Minha boca tem rosas desmaiadas,  
E as minhas pobres mãos são maceradas  
Como vagas saudades de doentes...  
O Silencio abre as mãos... entorna rosas...  
Andam no ar carícias vaporosas  
Como pá lidas sedas, arrastando...  
E a tua boca rubra ao pé da minha  
É na suavidade da tardinha  
Um coração ardente palpitando...            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025