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RENÚNCIA

Por: Florbela Espanca

A minha mocidade há muito pus
No tranquilo convento da tristeza;
Lá passa dias, noites, se mpre presa,
Olhos fechados, magras mãos em cruz...
Lá fora, a Noite, Satanás, seduz!
Desdobra -se em requintes de Beleza...
E como um beijo ardente a Natureza...
A minha cela é como um rio de luz...
Fecha os teus olhos bem! Não vejas nada!
Empalidece mais! E, resignada,
Prende os teus braços a uma cruz maior!
Gela ainda a mortalha que te encerra!
Enche a boca de cinzas e de terra
Ó minha mocidade toda em flor!
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Poema enviado em 23/05/2025