HORAS RUBRAS
            Por: Florbela Espanca
            
                Horas profundas, lentas e caladas  
Feitas de beijos  rubros e ardentes,  
De noites de volúpia, noites quentes  
Onde há risos de virgens desmaiadas...  
Oiço olaias em flor às gargalhadas...  
Tombam astros em fogo, astros dementes,  
E do luar os beijos languescentes  
São pedaços de prata pelas estradas...  
Os meus lábios são brancos como lagos...  
Os meus braços são leves como afagos,  
Vestiu -os o luar de sedas puras...  
Sou chama e neve e branca e misteriosa ... 
E sou, talvez, na noite voluptuosa,  
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025