HORA QUE PASSA
            Por: Florbela Espanca
            
                Vejo-me triste, abandonada e só  
Bem como um cão sem dono e que o procura  
Mais pobre e desprezada do que Job  
A caminhar na via da amargura!  
Judeu Errante que a ninguém faz dó!  
Minha alma  triste, dolorida, escura,  
Minha alma  sem amor é cinza, é pó,  
Vaga roubada ao Mar da Desventura!  
Que tragédia tão funda no meu peito!...  
Quanta ilusão morrendo que esvoaça!  
Quanto sonho a nascer e já desfeito!  
Deus! Como é triste a hora quando morre...  
O instante que foge, voa, e passa...  
Fiozinho de água triste... a vida  corre...            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025