A UM MORIBUNDO
            Por: Florbela Espanca
            
                Não tenhas medo, não! Tranquilamente,  
Como adormece a noite pelo Outono,  
Fecha os teus olhos, simples, docemente,  
Como , à tarde, uma pomba que tem sono...  
A cabeça reclina levemente  
E os braços deixa -os ir ao abandono,  
Como tombam, arfando, ao sol poente,  
As asas de uma pomba que tem sono...  
O que há depois? Depois?... O azul dos céus?  
Um outro mundo? O eterno nada? Deus?  
Um abismo? Um castigo? Uma guarida?  
Que importa? Que te importa, ó moribundo?  
- Seja o que for, será melhor que o mundo!  
Tudo será melhor do que esta vida!...            
            
            Acesse a página do poeta
            
                 23            
            
            
                Poema enviado em 23/05/2025