EU
            Por: Florbela Espanca
            
                Até agora eu não me conhecia,  
julgava que era Eu e eu não era  
Aquela que em meus versos descrevera  
Tão clara como a fonte e como o dia.  
Mas que eu não era Eu não o sabia  
mesmo que o soubesse, o não dissera...  
Olhos fitos em rútila quimera  
Andava atrás de mim... e não me via!  
Andava a procurar -me - pobre louca! - 
E achei o meu olhar no teu olha r, 
E a minha boca sobre a tua boca!  
E esta ânsia de viver, que nada acalma,  
E a chama da tua alma a esbrasear  
As apagadas cinzas da minha alma!            
            
            Acesse a página do poeta
            
                 15            
            
            
                Poema enviado em 23/05/2025