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O MEU CONDÃ O

Por: Florbela Espanca

Quis Deus dar -me o condão de ser sensível
Como o diamante à luz que o alumia,
Dar-me uma alma fantástica, impossível:
- Um bailado de cor e fantasia!
Quis Deus fazer de ti a ambrósia
Desta paixão estranha, ardente, incrível!
Erguer em mim o facho inextinguível,
Como um cinzel vincando uma agonia!
Quis Deus fazer -me tua... para nada!
- Vãos, os meus braços de crucificada,
Inúteis, esses beijos que te dei!
Anda! Caminha! Aonde?... Mas por onde?...
Se a um gesto dos teus a sombra esconde
O caminho de estrelas que tracei...
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Poema enviado em 23/05/2025