SUPREMO ENLEIO
            Por: Florbela Espanca
            
                Quanta mulher no teu passado, quanta!  
Tanta sombra em redor! Mas que me importa?  
Se delas veio o sonho que conforta,  
A sua vinda foi três vezes santa!  
Erva do chão que a mão de Deus levanta,  
Folhas murchas de rojo à tua porta...  
Quando eu for uma pobre coisa morta,  
Quanta mulher ainda! Quanta! Quanta!  
Mas eu sou a manhã: apago estrelas!  
Hás de ver -me, beijar -me em todas elas,  
Mesmo na boca da que for mai s linda!  
E quando a derradeira, enfim, vier,  
Nesse corpo vibrante de mulher  
Será o meu que hás de encontrar ainda...            
            
            Acesse a página do poeta
            
                 15            
            
            
                Poema enviado em 23/05/2025