INTERROGAÇÃO
Por: Florbela Espanca
A Guido Batelli
Neste tormento inútil, neste empenho
De tornar em silêncio o que em mim canta,
Sobem -me roucos brados à garganta
Num clamor de loucura que contenho.
Ó alma de charneca sacrossanta,
Irmã da alma rútila que eu tenho,
Dize pra onde vou, donde é que venho
Nesta dor que me exalta e me alevanta!
Visões de mundos novos, de infinitos,
Cadências de soluços e de gritos,
Fogueira a esbrasear que me consome!
Diz que mão é esta que me arrasta?
Nódoa d e sangue que palpita e alastra...
Diz de que é que eu tenho sede e fome?!
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Poema enviado em 23/05/2025