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            Por: Florbela Espanca
            
                Meu Amor, não é nada: - Sons marinhos  
Numa concha vazia, choro errante...  
Ah, olhos que não choram! Pobrezinhos...  
Não há luz neste mundo que os levante!  
Eu andarei por ti os maus caminhos  
E as minhas mãos, abertas a diamante,  
Hão de crucificar -se nos espinhos  
Quando o meu peito for o teu mirante!  
Para que corpos vis te não desejem,  
Hei de dar -te o meu corpo, e a boca minha  
Pra que bocas impuras te não bei jem! 
Como quem roça um lago que sonhou,  
Minhas cansadas asas de andorinha  
Hão de prender -te todo num só vôo...            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025