ÁRVORES DO ALENTEJO
            Por: Florbela Espanca
            
                Ao Prof Guido Battelli  
 
Horas mortas... Curvada aos pés do Monte  
A planície é um brasido... e, torturadas,  
As árvores sangrentas, revoltadas,  
Gritam a Deus a bênção duma fonte!  
E quando, manhã alta, o sol posponte  
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,  
Esfíngicas, recortam desgrenha das 
Os trágicos perfis no horizonte!  
Árvores! Corações, almas que choram,  
Almas iguais à minha, almas que imploram  
Em vão remédio para tanta mágoa!  
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:  
- Também ando a gritar, morta de sede,  
Pedindo a Deus a minha gota de ág ua!            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025