PANTEÍSMO
Por: Florbela Espanca
Tarde de brasa a arder, sol de verão
Cingindo, voluptuoso, o horizonte...
Sinto -me luz e cor, ritmo e clarão
Dum verso triunfal de Anacreonte!
Vejo-me asa no ar, erva no chão,
Oiço -me gota de água a rir, na fonte,
E a curva altiva e dura do Marão
É o meu corpo transformado em monte!
E de bruços na terra penso e cismo
Que, neste meu ardente panteís mo
Nos meus sentidos postos e absortos
Nas coisas luminosas deste mundo,
A minha alma é o túmulo profundo
Onde dormem, sorrindo, os deuses mortos!
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Poema enviado em 23/05/2025