Ensinou -me a cantar... e essa c anção
            Por: Florbela Espanca
            
                Foi ritmo nos meus versos de paixão,  
Foi graça no meu peito de descrente.  
Bordão a amparar minha cegueira,  
Da noite negra o mágico farol,  
Cravos rubros a arder numa fogueira!  
E eu, que era neste mundo uma vencida,  
Ergo a cabeça ao alto, encaro o sol!  
- Águia real, apontas -me a subida!  
 
É um não querer mais que bem querer. (Camões)  
 
II 
Meu Amor, meu Amado, vê... repara:  
Poisa os teus lindos olhos de oiro em mim,  
- Dos meus beijos de amor Deus fez -me avara  
Para nunca os contares até ao fim.  
Meus olhos têm tons de pedra rara,  
E só para teu bem que os tenho assim  
-E as minhas mãos são fontes de água clara  
A cantar sobre a sede dum jardim.  
Sou triste como a folha ao abandono  
Num parque solitário, pelo Outono,  
Sobre um lago onde vogam nenúfares...  
Deus fez -me atravessar o teu caminho...            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025