VOZ QUE SE CALA
            Por: Florbela Espanca
            
                Amo as pedras, os astros e o luar  
Que beija as ervas do atalho escuro,  
Amo as águas de anil e o doce olhar  
Dos animais, divinamente puro.  
Amo a hera que entende a voz do muro,  
E dos sapos, o brando tilintar  
De cristais que se afagam deva gar, 
E da minha charneca o rosto duro.  
Amo todos os sonhos que se calam  
De corações que sentem e não falam,  
Tudo o que é Infinito e pequenino!  
Asa que nos protege a todos nós!  
Soluço imenso, eterno, que é a voz  
Do nosso grande e mísero Destino!...            
            
            Acesse a página do poeta
            
                 17            
            
            
                Poema enviado em 23/05/2025