PARA QU Ê?
            Por: Florbela Espanca
            
                Ao velho amigo João  
 
Para que ser o musgo do rochedo  
Ou urze atormentada da montanha?  
Se a arranca a ansiedade e o medo  
E este enleio e esta angústia estranha  
E todo este feitiço e este enredo  
Do nosso próprio peito? E é tamanha  
E tão profunda a gente que o segredo  
Da vida como um grande mar nos banha?  
Pra que ser asa quando a gente voa  
De que serve ser cântico se entoa  
Toda a canção de amor do Universo?  
Para que ser altura e ansiedade,  
Se se pode gritar uma Verdade  
Ao mundo vão nas sílabas dum verso?            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025