CHOPIN
            Por: Florbela Espanca
            
                Não se acende hoje a luz... Todo o luar  
Fique lá fora. Bem aparecidas  
As estrelas miudinhas, dando no ar  
As voltas dum cordão de margaridas!  
Entram falenas meio entontecidas...  
Lusco -fusco... Um morcego, a palpitar,  
Passa... torna a passar... torna a passar...  
As coisas têm o ar de adormecidas...  
Mansinho... Roça os dedos pelo teclado,  
No vago arfar que tudo alteia e doira,  
Alma, Sacrário de Almas, meu Amado!  
E, enquanto o piano a doce queixa exala,  
Divina e triste, a grande sombra loira,  
Vem para mim da escuridão da sala...            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025