ESCRAVA
            Por: Florbela Espanca
            
                Ó meu Deus, ó meu dono, ó meu senhor,  
Eu te saúdo, olhar do meu olhar,  
Fala da minha boca a palpitar,  
Gesto das minhas mãos tontas de amor!  
Que te seja propício o astro e a flor,  
Que a teus pés se incline a terra e o mar,  
Pelos séculos dos séculos sem par,  
Ó meu Deus, ó meu dono, ó meu senhor!  
Eu, doce e humilde escrav a, te saúdo,  
E, de mãos postas, em sentida prece,  
Canto teus olhos de oiro e de veludo.  
Ah, esse verso imenso de ansiedade,  
Esse verso de amor que te fizesse  
Ser eterno por toda a Eternidade!...            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025