SILÊNCIO!...
            Por: Florbela Espanca
            
                No fadário que é meu, nes te penar,  
Noite alta, noite escura, noite morta,  
Sou o vento que geme e quer entrar,  
Sou o vento que vai bater -te à porta...  
Vivo longe de ti, mas que me importa?  
Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear  
Em roda à tua casa, a procurar  
Beber -te a voz, apaix onada, absorta!  
Estou junto de ti e não me vês...  
Quantas vezes no livro que tu lês  
Meu olhar se poisou e se perdeu!  
Trago -te como um filho nos meus braços!  
E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...  
Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!...            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025