ESQUECIMENTO
            Por: Florbela Espanca
            
                Esse de quem eu era e que era meu,  
Que foi um sonho e foi realidade,  
Que me vestiu a alma de saudade,  
Para sempre de mim desapareceu.  
Tudo em redor então escureceu,  
E foi longínqua toda a claridade!  
Ceguei... tateio  sombras... Que ansiedade!  
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!  
Descem em mim poentes de Novembro...  
A sombra dos meus olhos, a escurecer...  
Veste de roxo e negro os crisântemos...  
E desse que era meu já me não lembro...  
Ah, a doce agonia de esquecer  
A lembrar doidamente o que esquecemos!...            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025