LOUCURA
            Por: Florbela Espanca
            
                Tudo cai! Tudo tomba! Derrocada  
Pavorosa! Não sei onde era dantes.  
Meu solar, meus palácios meus mirantes!  
Não sei de nada, Deus, não sei de nada!...  
Passa em tropel febril a cavalgada  
Das paixões e loucuras triunfantes!  
Rasgam -se as sedas, quebram -se os  diamantes!  
Não tenho nada, Deus, não tenho nada!...  
Pesadelos de insónia, ébrios de anseio!  
Loucura a esboçar -se, a enegrecer  
Cada vez mais as trevas do meu seio!  
Ó pavoroso mal de ser sozinha!  
Ó pavoroso e atroz mal de trazer  
Tantas almas a rir dentro da  minha!            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025