TRISTE PASSEIO
            Por: Florbela Espanca
            
                Vou pela estrada, sozinha.  
Não me acompanha ninguém.  
- Num atalho, em voz mansinha:  
"Como está ele? Está bem?"  
É a toutinegra curiosa;  
Há em mim um doce enleio...  
Nisto pergunta uma rosa:  
"Então ele? Inda não veio?"  
Sinto -me triste, doente...  
E nem me deixam esquecê -lo!... 
Nisto o sol impertinente:  
"Sou um fio do seu cabelo..."  
Ainda bem. É noitinha.  
Enfim já posso pensar!  
Ai, já me deixam sozinha!  
De repente, oiço o luar:  
"Que imensa mágoa me invade,  
Que dor o meu peito sente!  
Tenho uma enorme saudade!  
De ver o teu doce ausente!"  
Volto a casa. Que tristeza!  
Inda é maior minha dor...  
Vem depressa. A natureza            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025