CONFISSÃO
            Por: Florbela Espanca
            
                Aborreço -te muito. Em ti há qualquer cousa  
De frio e de gelado, de pérfido e cruel,  
Como um orvalho frio no tampo duma lousa,  
Como em doirada taça algum amargo fel.  
Odeio -te também. O teu olhar ideal  
O teu perfil suave, a tua boca linda,  
São belas expressões de todo o humano mal  
Que inunda o mar e o céu e toda a terra infinda.  
Desprezo -te também. Quando te ris e falas,  
Eu fico -me a pensar no mal que tu calas  
Dizendo que me queres em íntimo fervor!  
Odeio -te e desprezo -te. Aqui toda a minha alma  
Confessa -to a rir, muito serena e calma!  
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Ah, como eu te adoro, como eu te quero, amor!...            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025