HUMILDADE
            Por: Florbela Espanca
            
                Toda a terra que pisas, eu queria , ajoelhada,  
Beijar terna e humilde em lânguido fervor;  
Queria  poisar fervente a boca apaixonada  
Em cada passo teu, ó meu bendito amor!  
De cada beijo meu, havia de nascer  
Uma sangrenta flor! Ébria de luz, ardente!  
No colo purpurino havia de trazer  
Desfeito no perfume o misterioso  Oriente!  
Queria  depois colher essas flores reais,  
Essas flores de sonho, es tranhas, sensuais,  
E lançar -tas aos pés em perfumados molhos.  
Bem paga ficaria, ó meu cruel amante!  
Se, sobre elas, eu visse apenas um instante  
Cair como um orvalho os teus divinos olhos!            
            
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                Poema enviado em 23/05/2025