RÚSTICA
Por: Florbela Espanca
Eu queria ser camponesa;
Ir esperar -te à tardinha
Quando é doce a Natur eza
No silêncio da devesa,
E só voltar à noitinha...
Levar o cântaro à fonte
Deixá -lo devagarinho,
E correndo pela ponte
Que fica detrás do monte
Ir encontrar -te sozinho...
E depois quando o luar
Andasse pelas estradas,
DE olhos cheios do teu olhar
Eu voltaria a sonhar,
Pelos caminhos de mãos dadas.
E depois se toda a gente
Perguntasse: "Que encarnada,
Rapariga! Estás doente?"
Eu diria: "É do poente,
Que assim me fez encarnada!"
E fitando ao longe a ponte,
Com meu olhar cheio do teu,
Diria a sorrir pro monte:
Acesse a página do poeta
4
Poema enviado em 23/05/2025